terça-feira, 29 de setembro de 2009

O que ficou na sensação,

a Henri Michaux

Sopra um vento terrível.
É apenas um pequeno buraco no meu peito,
este vazio é a minha resposta.
Se desaparece o vazio...
Construí-me sobre uma coluna ausente,
nem um grande coração pode preencher-me o vazio.
O meu vazio é grande e devorador.
O meu vazio é algodão doce.
Apesar de profundo, este buraco não tem forma.

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Os livros são o que mais me chateia.
Não deixo uma única palavra no seu sentido nem sequer na sua forma.
E depois de lido o livro inteiro, tenho pena porque não percebi nada.
Não pude alimentar-me de nada.
Continuo magro e seco.

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Começo a mudar a pouco e pouco.
Só conservo o que me apetece.
Eu não fazia tudo como me apetecia.
Agora, tenho sempre belas tardes.